quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Manoel Bomfim, biografia.


Manuel Bomfim (Aracaju, 8 de agosto de 1868- Rio de Janeiro, 1932), foi um médico, psicólogo, pedagogo, sociólogo e historiador brasileiro.
Por vezes se encontra seu nome grafado como Manuel Bonfim ou Manoel Bonfim, mas a grafia de seu nome se fazia com "o" em Manoel e "m's" em Bomfim.
Estudou na cidade natal até os 12 anos. Em 1886 ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, transferindo-se para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1888, onde concluiu o curso em 1890, com a tese Das Nephrites.
Ingressou no magistério oito anos depois, lecionando Educação Moral e Cívica na Escola Normal do Rio de Janeiro, na qual assumiu a cátedra de Pedagogia e Psicologia.
Em viagem a Paris, em 1902, Bomfim estudou com Georges Dumas e Alfred Binet, com quem planejou a instalação do primeiro Laboratório de Psicologia Brasileiro, instalado em 1906 no Pedagogium, do qual foi diretor por quinze anos. De volta ao Brasil, foi nomeado diretor da Instrução Pública.
Sua extensa obra abrange várias áreas de conhecimento: escreveu sobre História do Brasil e da América Latina, Sociologia, Medicina, Zoologia e Botânica, além de vários livros didáticos, dentre os quais estão alguns de Língua Portuguesa, em co-autoria com Olavo Bilac. Bomfim escreveu ainda, na área de Psicologia e Educação, Lições de Pedagogia (1915) e Noções de psychologia (1916), utilizadas como suporte para as suas aulas na Escola Normal.
Na obra Pensar e Dizer: estudo do símbolo no pensamento e na linguagem (1923), Bomfim demonstra domínio das mais importantes correntes de Psicologia de sua época. Escreveu também O methodo dos testes (1926); Cultura do povo brasileiro (1932); Crítica à Escola Activa, O fato psychico, As alucinações auditivas do perseguido e O respeito à criança.
Sua obra revela um pensamento original, não articulado às idéias dominantes em sua época e sua interpretação do Brasil apóia-se na análise histórica da colonização, na exploração e na espoliação das riquezas do país, analisando as conseqüências sobre as condições culturais do povo. Defende a expansão da educação pública como meio para a emancipação e para construção de uma sociedade democrática.
Suas concepções de Psicologia - seu método e seu objeto - também são destoantes em relação a seus contemporâneos. Considerava o fenômeno psicológico como eminentemente histórico-social, constituído nas relações entre consciências, mediadas pela linguagem, esta entendida como produto e meio da socialização.
Criticava a pesquisa de laboratório, em condições que considerava restritas e artificiais. Propôs o método interpretativo para o estudo do psiquismo, baseado no estudo das múltiplas manifestações humanas, historicamente situadas.
Bomfim antecipou algumas idéias posteriormente adotadas por Vigotski e Piaget, mas também de Ernst Bloch e Antonio Gramsci em sua interpretação da sociedade.
Entretanto, Bonfim foi praticamente esquecido na historiografia brasileira, o que pode ser parcialmente explicado pela contraposição de suas idéias àquele que era em seu tempo o pensamento dominante.
O autor foi redescoberto apenas em 1984, num ensaio de Darci Ribeiro o classificando como o pensador "mais original da América Latina".

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